Floriano Peixoto
da Fontoura Nunes

* 12/11/1900 - Santana do Livramento
+ 19/12/1934 - Serra de Paranaguá


WACO CSO C-19

Floriano Peixoto da Fontoura Nunes foi oficial de cavalaria, como seu pai. Quando o Presidente Marechal Hermes da Fonseca passou pelo Rio Grande do Sul, ele, que tinha 8 anos, acompanhou-o o tempo todo fardadinho. O Presidente gostou muito dele, pelo seu desembaraço. Ao despedir-se, disse-lhe:

“Quando precisares de mim, procure-me no Palácio, no Rio de Janeiro”.

Assim fez Floriano, pois precisou de ajuda do Presidente para entrar para o Colégio Militar. O pai o mandou ao Rio e Floriano, muito desembaraçado, foi ao palácio todo elegante e com luvinhas na mão e falou com o Presidente. O Presidente mandou-o para o Colégio Militar, com todas as despesas pagas pelo governo.
Floriano desde pequeno foi um bom cavaleiro e se distinguia em todas as paradas de saltos a cavalo. Quando o Rei Alberto esteve no Brasil, houve uma demonstração hípica onde uma proeza lhe resultou o apelido de “Caramurú”. Os índios caramurús andavam ao lado do cavalo, para se defenderem das flechas inimigas. Durante a demonstração, ao pular um obstáculo, desequilibrou-se e ficou com o pé preso no estribo, se firmando somente nele e ficando na lateral do animal. Dessa forma, pulou o resto dos obstáculos. Então das arquibancadas começaram a gritar: “Caramurú! Caramurú!”.
Mais tarde, passou para o quadro da aviação do Exército. Floriano era o “Dandy” da aviação e primava com garbo pela elegância dentro de seus uniformes. Contam que um dia ele aterrissou no Campo dos Afonsos debaixo de um forte temporal e, ao aproximar-se do hangar, com o aparelho cheio de lama, abriu a porta e disse ao seu comandante:

“O avião pode estar todo enlameado, porém eu estou legal.”

Ocupou muitos cargos importantes no governo, inclusive os de ajudante de ordem do General Mariate e do General Deschamps e ajudante do Presidente Getúlio Vargas.
Floriano permaneceu solteiro. Aos 18 anos, ficou noivo de Cleonice, irmã de seu cunhado Floriano Menezes, mas ela acabou se casando com outro. Floriano nunca mais pensou em casar-se, pois era dos tais que amar é só uma vez. Dizem que no dia do casamento de Cleonice, Floriano trancou-se no quarto e chorou o dia inteiro.
Floriano era muito bom e amigo de todos os seus irmãos, e louco pelos sobrinhos, que só viu pequenos. Ele assistiu duas de suas irmãs morrerem e nunca mais teve alegria, levando uma falsa vida. Flor de Lys era a sua irmã predileta pois, sendo ele o filho mais velho e ela a caçula, cuidava muito dela.
Floriano faleceu num desastre de avião na Serra de Paranaguá, quando pilotava o Waco CSO C-19, junto com o Capitão Carneiro, quando voltava de Paranaguá para o Rio de Janeiro, no dia 19 de dezembro de 1934. Levaram alguns dias para encontrar os destroços do avião. O governo mandou fazer um mausoléu de mármore para os dois, com duas águias abraçadas no topo, situado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Infelizmente as águias foram roubadas.
Sua mãe, Picucha, contava que no dia seguinte ao desastre em que Floriano faleceu, o cozinheiro da Casa de Correção, onde todos moravam, perguntou para ela o que deveria fazer para o jantar do Capitão. Ela respondeu dizendo que ele não se preocupasse pois Floriano estava viajando. O cozinheiro, então, informou que havia visto o Capitão passeando pelos jardins da casa poucos minutos antes. A morte dele só foi conhecida dias depois.

Texto baseado nos registros de Flor de Lys