Flaminio Deodoro

Flaminio Deodoro da Fontoura Nunes, nasceu no dia 19 de março de 1908, em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul. Era muito bonito, alto, forte, moreno de olhos verdes e seus cabelos negros como a asa da graúna. A sua beleza exterior ficava muito aquém da beleza interior. O mais interessante é que, quando nasceu e até alguns meses, era muito louro, de olhos tão claros que o apelidaram de “Filho do Kaiser”.
Já crescido, comia tão engraçado! Fazia barulho assim: "umumum". Um dia, sua mãe o pegou dentro do armário de louças, comendo um doce que lá estava, através do barulho que ele fazia ao comer.
Flaminio era muito bom e inteligente e era o filho mais parecido com a mãe em temperamento. Como sua mãe, era muito quieto, nada dizendo quando o magoavam e nunca se queixava. Seus sofrimentos eram só seus.
Pobre Flaminio, na idade de brincar, sua mãe o fazia estudar piano. Colégio pela manhã, depois de almoçar, ir para o piano. Como sua irmã Florzinha era considerada “menina prodígio”, pois com 5 anos, e dotada de um excelente ouvido, já conhecia as notas musicais, ela pediu para que ele a ensinasse seus exercícios. Então, enquanto Flaminio se esbaldava, pulando, virando cambalhotas e até subindo nas portas, ela fazia os exercícios. Quando estava na hora de parar o estudo, sentava ao piano e mandava a irmã perguntar à mãe se podia parar. A mãe dizia que sim e comentava com a irmã Flori: “Coitado, ele não tem tempo nem de brincar!”.
Flaminio era muito sensível. Chorava por qualquer coisa. Desde pequeno dançava muito bem. Certo dia, quando Flaminio tinha 8 anos, uma senhora da sociedade do Rio, veio até sua casa convidá-lo para ser par de sua filha num concurso de dança no colégio. Tiraram o primeiro lugar e Flaminio ficou todo orgulhoso.
Um de seus feitos marcantes foi quando, aos 10 anos, estando na época dos exames do seu colégio, começou a se sentir mal e nada disse a ninguém. Flaminio fez os exames, tirando as mais altas notas e ganhando um prêmio da professora. Ao terminar caiu no chão desmaiado, com febre altíssima. Estava com o tifo há muitos dias.
Flaminio ficou moço sem dar o mínimo trabalho aos pais. Tinha aparência de uma pessoa seca, mas não era. Era companheiro das irmãs, trazendo sempre colegas escolhidos para casa, para dançarem e passarem horas agradáveis. Era companheiro nas festas, não as deixando de lado. Ele gostava de dançar com elas. Ele tinha muito orgulho das irmãs, pois elas sabiam se comportar onde fossem. Elas também tinham muito orgulho dele, pois ele era um “sportman” perfeito. Nadava com estilo, jogava basquete, polo e como dançava bem! Bah!!! Ele era muito beijoqueiro e até comprava beijos das moças.
Flaminio fazia tudo com perfeição e, como era querido por todos e minha mãe queria um médico na família, mandou-o para a escola de medicina. Flaminio não dava para médico, pois desmaiava quando via sangue. Seus estudos de medicina foram um ano de farras e jogos. Perdeu um ano de Escola Militar. Ele era muito estimado por todas as classes sociais, desde o Governador até o soldado mais simples. Flaminio foi uma grande, simples, modesta e humilde alma, cheia de bondade e amor.
Flaminio Deodoro casou no dia 12 de novembro de 1932, no Rio de Janeiro com Nair Côrte Real. Tiveram um filho: Afonso Henriques, nascido em 13 de julho de 1933, Rio de Janeiro. Nair nasceu no dia 4 de agosto de 1912, Niterói..
Flaminio Deodoro faleceu no dia 24 de dezembro de 1956, em Natal, Rio Grande do Norte, aos 48 anos.
Nair Côrte Real faleceu em 4 de março de 1973, no Rio de Janeiro.

Texto extraído dos registros de Flor de Lyz