Fantininha
Fantininha
nasceu no dia 27 de fevereiro de 1906. Era uma maravilhosa criatura muito
espiritual e super inteligente. Com o conhecimento do evangelho de Cristo
e o praticando sempre, tinha uma palavra para todos, de compreensão,
entendimento e amor. Era muito humilde, amava os pobres e os ajudava em
corpo e alma.
Ela e o pai organizaram um ambulatório para atender à pobreza,
aplicando injeções e dando-lhes remédios.
Ensinava o catecismo aos pobres e filhos de colonos que trabalhavam para
o pai, dando-lhes roupa e presentes nos dias de 1a comunhão
e de Natal. Ninguém a ajudava e ela só com muita paciência
dava conta de tudo.
Aos 16 anos entrou num curso superior, se distinguindo sempre dos demais
alunos. Muito cedo aprendeu línguas, como inglês, francês
e espanhol, falando e escrevendo com perfeição, usando até
gírias do país.
Aos 18 anos, um engenheiro que a amava com intenções de
casamento, teve que ir para a Alemanha. Então fizeram uma aposta
que, em seis meses, quando voltasse, ela só falaria com ele em
alemão. Assim cumpriu a promessa na volta do engenheiro Walter
von Adamek. Ela não aceitou o casamento pois era muito romântica
e só acreditava em casamento por amor.
Fantininha era louca pelo pai. Seu lugar à mesa era sempre
ao lado dele, mas sua irmã Fanny era muito implicante com
Fantininha. Certa vez, quando chegou à mesa, Fanny
estava, de propósito, sentada em seu lugar. Ela pediu, com lágrimas
nos olhos, os seu lugar e Fanny, triunfante, disse: "Não!
Todos temos direito de sentar ao lado de nosso pai". No dia
seguinte, Fantininha aprontou-se cedo e, duas horas antes do jantar,
com seus livros, sentou-se à mesa no lugar que era seu.
Fanny implicava com a irmã, a chamando de velha, quando Fantininha
tinha apenas 18 anos. Fanny quando sentia que alguém estava
interessado por ela, e ela por ele, se metia no meio com sua beleza morena
e sorriso tentador, chamando o máximo de sua atenção.
Fantininha nada dizia mas seu coração bondoso devia
sofrer muito.
Fantininha vivia estudando e lendo, pois sabia o português clássico.
Não era vaidosa em certas coisas, mas em se tratando dos seus dentes,
que eram lindos e perfeitos, ela era muito vaidosa. Um dia, chupando uma
bala, quebrou uma pontinha dum dente bem no fundo da boca. Chorou o dia
todo como uma criança. Foi cômico.
Ela era ótima cavaleira e sempre a convidavam para as competições
hípicas de salto de obstáculos, onde saia-se divinamente.
Era vaidosa em seus trajes de montaria. Por onde passava chamava sempre
atenção, com suas bolsinhas e "rendigot", chapeuzinho
e luvas, com um rebenque debaixo do braço. Tinha um sorriso bonito
a pairar em seus lábios.
Não era virtuose em música, mas estudava piano três
horas por dia, fazendo o máximo do esforço para aprendê-lo.
Muitas vezes perguntava à Florzinha qual era determinada nota.
A irmã, que tinha um bom ouvido, dizia qual era, e ela ficava contente.
Fantininha quis estudar violino, mas pobre violino! Ela se trancava
num quarto para que não escutassem o "miado do gato".
Ela já estudava a dois anos, quando Florzinha ganhou também
um violino. Em poucos meses ela já tocava igual à Fantina.
Então ela desistiu de tocar violino. Viu que não dava mesmo.
Quando
a irmã Flori adoeceu, tendo apenas 28 anos, e com dois filhos
pequenos, Fantininha ficou tão triste que pegou a doença,
tendo contato com a irmã escondida de meus pais, e ela só
tinha 22 anos. Falecendo aos 23 anos.
Texto
baseado nos registros de Flor de Lys |